Instalação O PÁSSARO QUE CANTA NA GAIOLA DESCREVE NUVENS LÁ FORA

nome da obra: O PÁSSARO QUE CANTA NA GAIOLA DESCREVE NUVENS LÁ FORA
técnica:
dimensão:

Um poema é uma coisa que evoca memórias de coisas reais e imaginárias (…)
As coisas sobre a janela agem como um poema. Elas são imagens que não refletem nada (…)
Eu canto sobre as coisas sobre a janela (Jarkko Laine)

……

PÁSSARO QUE CANTA NA GAIOLA
DESCREVE AS NUVENS LÁ FORA

Me interessa a realidade distraída
do cotidiano;
a domesticação do nosso domicílio no espaço
e das paisagens que articulam
nossa experiência da duração do tempo;

me interessa o que talvez não interesse

Somos o que lembramos ser.
O reflexo dentro dos olhos
refletidos no espelho.
As coisas que passam
e ficam guardadas
em algum lugar no futuro,
bem no limite
do que conseguimos ver

……

Sartre diria que “pinturas são janelas para um mundo inteiro”,
pois ao tencionar realidade física e estrutura expressiva, assombram nosso olhar.
No entanto, nosso espaço existencial não é um espaço pictórico bidimensional
É preciso estar entre as coisas para projetar significados e significações no que vemos; Transformar o caos em cosmos.
Nossos ambiente vêm perdendo gradativamente sua essência material e se impregnando com seu caráter formal. A forma do ambiente que nos cerca define o tempo presente.
Esta série surgiu a partir da coletânea de fragmentos do mundo real simulado pelo virtual. No últimos dois anos percorri distâncias enormes dentro do Google street view, coletando paisagens e memórias achatadas pelos pixels do monitor.
Usando apenas material de construção, procurei resgatar o que foi apropriado pelo virtual. Compensados de madeira, tinta para piso ou automotiva, pincéis de parede. Como que para reconstruir o que foi tomado fosse necessário construir uma realidade tangível. O contraste da tinta preta sobreposta à brancura da tela, do liso, encerra a calmaria do vazio. Latas vazias, restos de obras e objetos ordinários do dia a dia. Escombros, sobras e descartes estão a margem da funcionalidade e da estética. O descartável é efêmero na forma, mas atemporal na matéria. O desgaste e a decomposição geralmente não são considerados elementos positivos sobre o caráter atemporal que uma obra de arte deveria ter, pois contrapõe a ideia de duração. Mas afinal, quanto tempo o tempo tem?